Seria possível algum tipo de
associação entre o trabalho de um animal e o trabalho de um educador? Mais
ainda: seria possível buscarmos uma relação entre as ações de uma abelha e um
professor no seu fazer diário? Talvez encontremos algumas possibilidades...
Assim como a abelha, o educador
deve estar sempre num processo de construção da sua realidade. Todavia, a
realidade da abelha já está predeterminada. A construção da abelha será sempre
a mesma aqui e em qualquer parte do mundo, mas a construção do educador sempre
será dinâmica, pois este atuará diferentemente em função das várias realidades
em que se encontra.Se olharmos uma sociedade de abelhas, podemos ficar
surpreendidos com a organização do trabalho destes insetos... Podemos ficar
perplexos diante da condução da vida numa colméia: o fabrico do mel (cera), a
posição da abelha rainha toda-poderosa e o submisso zangão ao redor, as
abelhas-operárias em
ação... Mas o trabalho dessa sociedade não será diferente
daqui a alguns dias... O papel da abelha rainha nunca poderá ser outro, o do
zangão também não. Os insetos, na luta pela sobrevivência, guiam-se por
conhecimentos hereditários, agem por instintos e não conseguem analisar e
planejar as suas ações para que transponham seus instintos... A pedagogia das
abelhas jamais seria dinâmica no sentido de produzir algo novo, já que sabemos
até onde irá a condução do seu trabalho.
Educadores e abelhas produzem
algo e conduzem algo/ alguém em seus trabalhos, porém há uma diferençam muito
grande no processo de desenvolvimento das atividades. O conhecimento na
pedagogia humana vai além dos fatores herdados biologicamente; este é
construído, adquirido, elaborado e transformado, possibilitando novos
conhecimentos de favos de mel diversos.Dessa forma, há toda uma dinâmica no
conhecimento humano que não é possível para as abelhas.
Na nossa sociedade, não podemos
visualizar pessoas em papeis tão fixos quanto o das abelhas, que já nascem com
um papel determinado. Na nossa pedagogia, sabemos que exercemos papéis
direcionados, mas justamente das diferenças que buscaremos a comunhão e
tentaremos transpor barreiras para alcançar um novo estágio, também mutável,
também superável, de evolução.
“O educador não se deve impor como abelha rainha, nem tornar-se um zangão
para os seus educandos, pois a educação não se processa com autoritarismo,
imposição e subordinação, mas é um processo de dar e receber, visando á
evolução mútua.”
Sabemos que, na medida em que
ensinamos e trocamos experiências, também aprendemos e deixamos de ser os
mesmos de segundos atrás... O homem ainda tem a possibilidade de selecionar
qualitativamente as experiências adquiridas, pois tem a seu favor a consciência
reflexiva e sabe se conduzir.
Ciente do seu fazer dentro da
pedagogia humana , o professor deve estar atento para este fato: ele é um
facilitador/ mediador da aprendizagem; contudo , dentro da sua colméia ,ele
também funciona como uma abelha-operária que tem um papel diferente no processo
ensinoaprendizagem , mas que, ao educar, também se educa. Toda via, o educador
não deve se impor como abelha rainha, nem tornar-se um zangão para seus
educandos, pois a educação não se processa com autoritarismo, imposição e
subordinação, mas é um processo de dar e receber, visando a evolução mútua.
A educação não pode ser vista
como um processo contrário ao que apontamos anteriormente, pois senão
estaríamos nos referindo a uma educação bancária, a um simples depósito de conhecimento
e não sua construção. Assim, se o professor se perceber como ser onipotente e
“Desenvolver o potencial das pessoas e formar o cidadão profissional” condutor
em potencial do processo ensino–aprendizagem, estará limitando-se e limitando
os seus educandos.
No entanto, sabemos que existem
pedagogos/educadores/professores que, assim como abelhas, agem mecanicamente,
impossibilitando a construção do conhecimento.
O professor não está na classe
para medir forças com seus alunos. É muita covardia medir conhecimentos com
operários em estágios diferentes de trabalho. Portanto, deixemos as abelhas de
lado e sejamos mais humildes; elas, magníficas por natureza, estão em outro
nível de desenvolvimento, conduzindo as suas próprias vidas.
Fonte: Revista
Profissão Mestre - 2005
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